PCPR faz alertas para cuidados com as crianças durante a pandemia 25/05/2020 - 13:07
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) alerta crianças e adolescentes para cuidados durante a pandemia do novo coronavírus. Entre os dias 17 e 22 de maio, policiais civis e profissionais de outros órgãos estaduais participaram da Semana PCPR de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantojuvenil e demonstraram muita preocupação sobre o monitoramento das vítimas de violência.
Sem o contato com os ambientes rotineiros de relacionamento, seja o escolar, familiar e o de amigos, crianças e adolescentes estão mais vulneráveis à violência nesse período. A delegada da PCPR, Ellen Victer, explica que essa suspensão traz a necessidade da sociedade estar atenta aos sinais de violência comunicados pelas vítimas.
“Enquanto sociedade nós temos o papel fundamental de proteger as crianças e adolescentes, ainda mais nesse momento sensível de isolamento em que eles perderam os laços de confiança mais comuns para se abrir, como a escola, os amigos e a família extensa, que pode ser um tio, uma tia, madrinha”, alerta Ellen.
Pelo fato de não saírem de casa, a delegada afirma que a tendência é a criança se fechar ainda mais. Por isso, vizinhos e profissionais da educação que ainda mantém algum contato com as crianças devem ficar ainda mais vigilantes.
SINAIS DE CRIME - O psicólogo e investigador da PCPR, Flávio Balan, é responsável por fazer escuta especializada relacionada a esse tipo de crime e oferece orientações de como identificar as vítimas. “É comum ter ouvido de adolescentes que quando o abuso começou houve a interrupção no brincar. Tem crianças que regridem o comportamento e passam a fazer xixi na cama, vomitam, tem pensamentos de suicídio, depressão, ambivalência de sentimentos e pesadelos“, diz.
Segundo Balan, o tempo excessivo que as crianças e adolescentes ficam no quarto fechado e a alteração delas na aprendizagem escolar também podem ser sinais de que elas possam ser vítimas de violência sexual. São sentimentos comuns entre as vítimas, a tristeza, o medo, a culpa e a angústia. “Esperamos que um vizinho, um familiar, que tenha tido um contato breve possa ter identificado isso na vítima e denuncie", diz o investigador.
PREVENÇÃO - A delegada da PCPR, Patrícia Paz, destaca o diálogo como prevenção, especialmente para as crianças de menor idade. “Quando a criança é menor, o pai e a mãe têm que explicar o nome das partes íntimas e os limites do corpo dela, apontando quem pode tocar ou não”, explica.
“Incentivar a criança a falar com os pais é importante para criar um vínculo de confiança e para que ela se sinta confortável para contar um possível crime. É comum o abusador pedir o “segredo” para a vítima e se ela não tiver o vínculo com alguém, dificilmente ela vai revelar”, diz a delegada.
REDE DE PROTEÇÃO - A promotora de justiça da Promotoria de Infrações Penais contra Crianças, Adolescentes e Idosos de Curitiba, Tarcila Teixeira, expôs estratégias para proteção e monitoramento de crianças e adolescentes durante a pandemia. Segundo ela, os profissionais da educação têm um papel fundamental no momento já que são os únicos da rede de proteção que estão tendo a chance de manter vínculo com as crianças e adolescentes. Tarcila enfatizou que 85% dos crimes infantojuvenis graves ocorrem no ambiente familiar e, por isso, o acesso às crianças e adolescentes.
O delegado federal e coordenador-geral da força-tarefa Infância Segura da Secretaria Estadual da Justiça, Família e Trabalho, Felipe Hayashi, chamou atenção sobre os crimes virtuais. A exposição de crianças e adolescentes no ambiente virtual tem sido cada vez mais frequente, principalmente por elas estarem com muitas das atividades de rotina suspensas devido ao isolamento social.
Hayashi recomenda que os pais sempre conversem e instruam os filhos, além de acompanharem os amigos e seguidores dos perfis deles. Segundo ele, o monitoramento das redes sociais é fundamental para evitar crimes.
Todas as lives da Semana PCPR de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantojuvenil podem ser assistidas pela conta no Instagram @pcproficial.
Como fazer a prevenção?
Dialogue com as crianças e adolescentes desde os primeiros anos de vida para que elas conheçam seu corpo e saibam seus limites.
Como identificar os sinais de abuso?
Os sinais na maioria das vezes são comportamentais, ansiedade excessiva, depressão, queda no rendimento escolar.
Como agir no momento da revelação espontânea do crime?
Ouvir a vitima sem julgá-la. Em seguida, a denúncia deve ser feita em um dos órgão da rede de proteção. Na unidade da PCPR, um psicólogo fará a escuta especializada.
Como evitar crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes?
Os pais devem acompanhar quem são os amigos dos filhos nas redes sociais e instruí-los quanto ao uso.
O que fazer caso haja conteúdo íntimo de crianças e adolescentes vazado na internet?
Os responsáveis e a vítima devem registrar a ocorrência em um delegacia, levando o print de tela, o registro que fica na internet e a URL para viabilizar a perícia.
Recebi foto ou vídeo com imagens sensuais de crianças e adolescentes no celular. O que devo fazer?
Procurar uma delegacia da PCPR e registrar a ocorrência. O compartilhamento pode incorrer em crime.
Como a sociedade pode denunciar?
O Disque 100 é um canal nacional e que encaminhará as denúncias para serem investigadas pelas polícias. O telefone 181 é gerido pelo Governo do Paraná e também faz o encaminhamento. O 190, da Polícia Militar, deve ser acionado em casos de emergência, quando o crime ocorreu momentos antes da denúncia.
A PCPR, a Polícia Federal, o Ministério Público, Conselho Tutelar e Guarda Municipal também podem receber diretamente a denúncia. Todas as delegacias da PCPR no Paraná estão aptas a receber denúncias.